A SAÍDA DO CORREIO DA MANHÃ DO FUTEBOL DE SALÃO, CONTADA NA
1ª PESSOA - Por Luís Manta
Decorria a época de 1993/4 do Campeonato Nacional de Futebol
de Salão, aí por início do mês de Março de 1994, sai a convocatória para a
selecção nacional com 10 elementos do Correio da Manhã, se a memória não me
falha, a competição destinatária era a Taça Latina a disputar em Itália. A competição
decorria em 4 dias e tinha o seu período em meados de Abril (fim de
semana prolongado, de 5ª a Domingo). O selecionador Luís Rodrigues, pretendia fazer um estágio de 15 dias antes da competição. Acontece que o Correio da Manhã, como
Campeão Europeu em título, teria de ir defender o título em Cádiz, competição que decorria na última semana de
Abril. . Neste contexto, em
que o Correio da Manhã se via privado de trabalhar com quase a totalidade do
seu plantel durante 3 semanas, em pleno mês de Abril em que ia defender o
título de Campeão Europeu, tentou sensibilizar a estrutura da FPFS para o
assunto. De referir que o plantel do CM era composto por 14 jogadores (nada como agora, com planteis de 18 e 19 jogadores), sendo 3
GR, restando 2 jogadores de campo e, 2 GR ( 1 GR tinha sido convocado), para
preparar a Taça Campeões Europeus. Os 10
jogadores, chegavam da selecção na semana em que a equipa partia para Cádiz. Houve muitas
reuniões entre os responsáveis do
Correio da Manhã e da Federação Portuguesa de Futebol de Salão e até com os
jogadores. Numa dessas reuniões, um dos Vices Presidentes da FPFS, expulsou o nosso director José Veloso da dita, ao que o José Veloso respondeu " Acaba de expulsar o Correio da Manhã do Futebol de Salão". O diferendo chegou a tal ponto, que certo dia em Vale de Lobos
estava a decorrer um treino e entra uma comitiva da FPFS, que integrava o Presidente da
FPFS, Castel Branco e o selecionador Luís Rodrigues, com o objectivo de reunir com
todo o plantel. A reunião efectuou-se... mais uma vez, não conduziu a nada e
ainda, num momento de exaltação, tive de dar um murro na mesa (literalmente). Face
à irredutibilidade da FPFS em rever o plano de estágio e convocados para a Taça
Latina, eu e o director José Veloso, decidimos que seria o último ano do
Correio da Manhã no Futebol de Salão, verdade...mesmo à revelia dos superiores
hierárquicos, Lourenço Peres e Fernando Augusto. Nesta mesma reunião em Vale de
Lobos, o director José Veloso, tem a seguinte frase dirigida ao seleccionador Luís Rodrigues,
"Luís, levas os jogadores, mas é a última vez que os levas". Penso que o Luís Rodrigues não se apercebeu
bem do alcance do que estava a ser dito.
Claro que no meio disto tudo, os jogadores querem sempre o
melhor de 2 mundos, querem é jogar...e se possível, sempre.
De realçar que o Correio da Manhã, tinha a hegemonia do Futebol de Salão a nível interno e europeu
e, abdicar de uma posição de liderança numa modalidade e partir para o
desconhecido....não está ao alcance de todos.
A partir desse momento, começámos a trabalhar para a
passagem para o Futebol de Cinco.
O primeiro passo foi trazer o Lourenço Peres e o Fernando
Augusto para a nossa causa, o que foi conseguido.
Depois fiz um contacto com o José Eduardo (tinha essa facilidade profissionalmente, a sua empresa era minha cliente), grande impulsionador técnico ou táctico da modalidade com a sua equipa Páteo Alfacinha, já extinta à data,. porque sabia do seu bom
relacionamento com o falecido Dr.Alberto Silveira da AFL, propus-lhe ser o intermediário
na passagem do CM para o Futebol de Cinco. Aceitou. A única condição que o CM
punha, era entrar directamente para a 1ª Divisão.
Na altura, esta situação não foi bem vista por muitos clubes
que integravam o Futebol de Cinco, pois a entrada directa para a 1ª Divisão do
CM, desportivamente reconheço, era algo nada transparente e prejudicava, quem
fazia um percurso paulatino de subidas de escalão....
Mas a equipa do Correio da Manhã, não era uma equipa
qualquer, tinha um palmarés invejável e era reconhecida a nível europeu. Para
além dessa mais valia, trazia consigo para a modalidade a publicidade de 1 página
completa por semana a falar da modalidade,
coisa que no Futebol de 5 até ao momento, se singia a umas pequenas
"caixas" que o saudoso António Martins, conseguia meter no Jornal
Record.
Passado uns tempos, vem o acordo e na época de 1994/5, o Correio
da Manhã fez a sua estreia no Futebol de
5. Estreia com as regras vigentes na
altura e copiosa derrota de 2-12 com o Santos da Venda Nova na 1ª jornada. Campeonato perdido perdido para o Sporting
Clube de Portugal, por uma derrota de 1-2 em Vale de Lobos, com o CM a ganhar
por 1-0 até aos 36' da 2ª parte e o 2º golo do SCP é feito aos 42' pelo júnior
Drula e acabou o jogo. O jogo não era
cronometrado, mandava o relógio no pulso do árbitro.
O CM neste e noutros jogos, pagou a factura de ser um
intruso no sistema...
O futsal com as regras que hoje vigoram, começou na época seguinte e nunca mais foi o mesmo, no
sentido positivo da afirmação.
Boa tarde, só um reparo na altura do futebol de cinco, para além dessa dita "caixa" do jornal Record, havia outro jornal salvo erro a gazeta dos desportos, também difundia a modalidade.
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