sábado, 26 de outubro de 2019

JOGAR O QUE O JOGO DÁ - Por Luís Manta

Acabo de ver o jogo Portugal vs Alemanhã e compulsivamente tive de escrever este texto, que poderei considerar uma pequena reflexão sobre a actualidade técnica e táctica do futsal..
Foi com espanto meu, ou talvez não....que Portugal teve imensas dificuldades em fazer golos à equipa alemã.
Para quem não acompanhou o jogo, devo dizer que há muitos anos, mesmo muitos, que não via uma equipa tão fraca em competições oficiais.  Verdade que a Alemanha está a chegar à modalidade, está a dar os primeiros passos, logo não se pode exigir grande qualidade. Terão tempo de fazer o seu caminho.
A minha questão, é a grande dificuldade em fazer golos da selecção portuguesa perante uma equipa deste nível, tão frágil. É que a equipa alemã é fraca sob todos os aspectos. No aspecto técnico individual, são um grupo de rapazes jeitosos que jogam futebol e se sentem como peixe fora de água a jogar futsal. No aspecto tático, no que concerne ao aspecto ofensivo, pura e simplesmente foi inexistente....e das poucas vezes que chegaram à baliza portuguesa, os rapazes até caiam sozinhos.
No aspecto defensivo, estorvavam e davam o corpo à bola...não mais que isto.

Perante uma equipa extrtemamente frágil, de baixissimo nível, a uma equipa de topo do futsal mundial, pedia-se goleada das grossas....mas não.
E não, porque o futsal está assim, JOGA-SE O QUE O JOGO DÁ, joga-se sempre da mesma forma, nada se altera, tudo igual de jogo para jogo....até o jogar de GR Avançado se tornou uma rotina e já se sabe quando as equipas o vão utilizar.  Os jogadores estão formatados para jogar de determinada forma e não dão mais....

No aspecto defensivo, convencionou-se que defender HxH é que é bom, é que é top....descura-se as "coberturas" defensivas, o defender "próximo", como se defendendo HxH não seja possível fazer "coberturas"(há várias formas de defender HxH), mas isso é outra coisa...é preciso é ganhar os "duelos" individuais.

No aspecto ofensivo, as acções resumem-se a acções individuais e combinações a dois jogadores e, muita estratégia nos lances de bola parada.
Os tempos de ataque são muito curtos, ninguém pensa o jogo.  A fase de construção ofensiva é quase inexistente, troca-se a bola 3, 4 vezes e visa-se logo a baliza, com remates disparatados e que dão para perceber a deficiente qualidade técnica dos executantes.
A figura do jogador FIXO que pensava o jogo, que pautava a cadência do jogo face ao momento....foi-se, desapareceu.

Hoje ninguém faz uma "simulação", uma "quebra", que serve para quando um jogador está sujeito a uma marcação apertada, momentãneamente, ganhar espaço e poder receber a bola....é mais fácil e mais seguro, de posse de bola, quando sujeito a pressão, dar um "bico" na frente.

Hoje ninguém faz um passe em "colher", que se utiliza para servir um colega quando ganha as costas dos defensores contrários...já ninguém ganha as costas das defesas contrárias, porque o ataque planeado já não existe, já não se pensa o jogo.

Joga-se ao pivot, este segura... espera...espera...e raramente aparece um apoio para bater na baliza, quanto mais estar a pedir dois apoios.

Isto são uns quantos exemplos, do que não se faz, do que se perdeu....do que se perdeu em prol do futsal espectáculo, do futsal show de bola, do futsal combate, do futsal que mais parece uma corrida de velocidade.

Para acabar esta pincelada sobre a minha visão do futsal, se alguém fizer a estatística de passes errados, perdas de bola e remates não enquadrados na baliza...num jogo entre as equipas profissionais, .chegamos à brilhante conclusão que a qualidade técnica individual dos executantes, deixa muito a desejar.

Assim vai o FUTSAL...


Sem comentários:

Enviar um comentário