segunda-feira, 19 de junho de 2023

É UM MITO A EVOLUÇÃO - Por Luís Manta

 

É um MITO repetido muitas vezes, que o futsal evoluiu.  De acordo com o Dicionário da Lingua Portuguesa, podemos definir EVOLUÇÃO como "...a passagem gradual de um estado a outro, sendo este melhor, mais complexo ou mais perfeito que o anterioraperfeiçoamentodesenvolvimentoprogresso. "

Quando se fala em evolução no futsal, referem-se a aspectos técnicos e táticos.  Já lá vou.

A modalidade evoluiu no aspecto da condição fisíca e na organização. A condição física, fruto do profissionalismo de algumas equipas. A organização, pelo bom trabalho da FPF, mormente nos campeonatos de topo e selecções, havendo algumas criticas pertinentes relativamente aos campeonatos abaixo da Liga Placard e formação.

Fruto também do profissionalismo e de haver mais Unidades de Treino, a organização do treino está mais competente, há mais planeamento.

A Comunicação Social também passou a dar uma relevância à modalidade, que nunca teve.

A modalidade evoluiu em aspectos laterais ao jogo.

Chegados aqui, vamos falar dos aspectos técnicos ou tácticos.

Hoje, a única evolução do jogo, esta no desempenho do GR, porque está mais competente na técnica de baliza e de acordo com algumas ideias de jogo, tem uma intervenção mais relevante no jogo.  O jogo está diferente de antigamente, muito por isto, não sendo sinónimo de mais qualidade.

A utilização do GR como forma de sair de pressão ou jogar de GRAvançado é legitima e faz parte do jogo.

Hoje, deixou-se de valorizar a posse de bola para sair de pressão, joga-se chuto na frente.

Hoje, deixou-se de valorizar a posse de bola, na fase de construção do ataque.

Hoje, só se defende à Zona por obrigação, só em situações de inferioridade numérica.

Hoje, não há um jogador especializado na função de Fixo. O jogador que pautava o jogo. O jogador que pensava o jogo. O jogador que por norma, para além de as integrar, fazia a cobertura nas acções ofensivas.

Hoje, ninguém faz "simulações" para ganhar espaço e receber a bola em marcação HxH.

Hoje, raramente as acções ofensivas têm mais de dois intervenientes.

Hoje, defende-se HxH sem qualquer preocupação de coberturas defensivas.  Os jogadores defendem em linha.

Hoje, remata-se de qualquer maneira à baliza, grande parte das vezes sem nexo, com uma eficácia diminuta.

Hoje, normalmente, em final de jogo, quando se está a perder, opta-se por jogar de GRAvançado, sabendo que a eficácia é reduzida.

Hoje, a arbitragem, muitas vezes, é complacente com ideias de jogo agressivas a roçar a violência.

Posto isto, onde é que o jogo evoluiu na sua forma de ser jogado, onde é que  temos passagem gradual de um estado a outro, sendo este melhor, mais complexo ou mais perfeito que o anterior ?

Já não indo muito atrás, alguém me pode dizer se o jogo hoje é melhor, tem mais qualidade do que em 2010 quando o S.L.Benfica foi Campeão Europeu ?

O jogo não evoluiu, está diferente...para pior.

PS - Fica o registo de ter conhecimento, de haver treinadores de qualidade no topo da campetição, que não concordam e que querem alterar o rumo técnico ou táctico da modalidade.

 

Fiquem bem....

quarta-feira, 13 de julho de 2022

A ILUSÃO DO PROFISSIONALISMO - Por Luís Manta

 

O que são profissões de desgaste rápido?

No Código do Trabalho não encontramos nenhuma definição de profissões de desgaste. Não obstante, existe uma breve alusão a este conceito no artigo 27.º do do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, onde se refere que ” consideram-se como profissões de desgaste rápido as de praticantes desportivos, definidos como tal no competente diploma regulamentar, as de mineiros e as de pescadores”.           (retirado do site "trabalhador.pt").

Esta reflexão, não se aplica apenas aos profissionais praticantes de futsal, mas a todos os praticantes de modalidades desportivas.

No futsal, como modalidade desportiva, os seus praticantes com contrato profissional, podem-se enquadrar nas "profissões de desgaste rápido", sem contudo, fazer parte da lista de profissões com acesso à reforma antecipada.

Isto quer dizer que um praticante que faça um contrato profissional aos 19 anos e deixe de jogar aos 35 anos, tem 16 anos no activo, para conseguir ter um rendimento que o vulgar cidadão consegue em 47 anos (19 para 66 - idade da reforma).                                                                                                         O praticante de futsal (modalidade desportiva), ao não ter acesso à reforma antecipada, terá de ter meios de subsistência até à idade de reforma, após sair do activo, emprego ou o seu rendimento mensal terá de ser compensatório desse facto.

Vamos dar 1.,000,0 Euro's como um ordenado minimamente digno para alguém que tem um contrato profissional (não é verdade, mas faço por baixo), sendo constante (sem aumentos, o que não é viável, mas dou de barato). trabalhando 47 anos, ganha, sem contar subsidios de férias e de Natal,  564.000,0 Euro's até à idade de reforma.     Alguém que tem uma profissão que termina após 16 anos no activo, terá de receber 35.250,0 Euro's anuais ou 2.937,50 Euro's mensais dc forma a compensar, poder amealhar e ter meios de  subsistência, através de investimentos ou outros.

Quantos praticantes de futsal, ganham 2.937,50 Euro's ou até mesmo os 1.000,0 Euro's mensais  ?  A resposta é óbvia, são muito poucos.

Como grande parte dos jovens, com a ilusão do profissionalismo, negligencia a sua formação académica, tendo parte deles, somente o 12º ano e muitos nem isso, o que acontece, é que é na faixa etária dos 30 anos, que vão procurar o 1º emprego, num mercado de trabalho bastante competitivo e agressivo, tendo como experiência profissional, ser jogador de futsal, o que convenhamos, é muito pouco ou mesma nada.

Tudo isto no pressuposto que os clubes (entidades patronais) fazem os seus descontos legalmente para a Segurança Social ou no caso dos jogadores receberem por Recibo Verde, os mesmos descontam para a Segurança Social, se não....tudo será ainda pior. 

Acabo dando um conselho aos jovens praticantes, mantenham a V/paixão pela modalidade, mas não negligenciem a v/formação académica, nem se rendam ao profissionalismo por "25 tostões".

Fiquem bem....

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

ESTÃO A MATAR O FUTSAL

 

ESTÃO A MATAR O FUTSAL

Acabdo de assistir ao derby Sporting C.P. vs S.L.Benfica e no rescaldo do recente Europeu de Hóquei em Patins, ocorreu-me escrever  este texto, pois me parece que existem muitos pontos em comum entre as duas modalidades.

Ambas  as modalidades têm a sua implantação e pontos fortes em países latinos.

Ambas têm uma implantação global reduzida (embora nos queiram fazer crer o contrário), não havendo um verdadeiro interesse das potências mundiais do desporto.

Ambas assentam muito do jogo em aspectos táticos, movimentos e ocupação de espaços similares.  A técnica individual e a magia da criatividade dos jogadores, são ou eram os argumentos para se gostar de ambas as modalidades.

Em ambas as modalidades fomos Campeões da Europa e Campeões do Mundo, com a Comunicação Social a dar uma cobertura invulgar, embora merecida, dos feitos.

Acabaram com o Hóquei em Patins do tempo do Livramento, do Sobrinho, do Chana, do Adrião, do Rendeiro e muitos outros.  Foram alteradas as regras para que o jogo fosse mais rápido, mais fluido e apelativo para os espectadores. Puro engano, o jogo tornou-se mais físico, menos tático e menos técnico...acabaram com os artistas e a modalidade está a definhar.  Já vi isto em qualquer lado...

O futsal vai na mesma direcção, os derbys Sporting  C.P. vs S.L.Benfica só interessam aos adeptos de ambos os clubes, porque a sua paixão clubistica é muitas vezes irracional e não conseguem perceber o óbvio, fraca qualidade e mau espectáculo desportivo.

A realidade do futsal não se restringe aos derbys, mas o futsal praticado hoje por todas as equipas é semelhante. Há uma linha condutora de como se deve jogar futsal, que está implantada na comunidade de treinadores e é aceite tacitamente por todos, raras são as divergências com o "status quo".   Quem vai perder o seu tempo para se deslocar a um Pavilhão e ver um espectáculo, onde não há artistas, onde só há correria e luta ?

Com esta forma de interpretar o futsal nos últimos 10 anos, baseada na componente física e intensidade imposta no jogo, em detrimento da tatica, da técnica e da estratégia, o Ricardinho nunca teria despontado para o futsal. A formação de futsal  de Ricardinho foi outra.

Com esta forma de jogar futsal, onde se valoriza a componente física, a velocidade, a luta e a entrega dos jogadores, dificilmente teriamos Falcão, Manuel Tobias,  Manuel Azevedo, André Lima, João leite, Ivo Cristóvão, Nélito, Séninho e tantos outros.   Ricardinho terá sido o último "artista". 

A modalidade de futsal está envolta e tomada por uma teia de interesses e desinteresses instalados, que quarta qualquer possibilidade de evolução positiva.

Nos anos mais próximos o futsal vai estagnar e no futuro se nada se fizer para alterar, vai definhar  tal como o Hóquei em Patins.

 

Luís Manta

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

NO PÓS MUNDIAL, A REALIDADE DO FUTSAL PORTUGUÊS - Por LUÍS MANTA

 NO PÓS MUNDIAL, A REALIDADE DO FUTSAL PORTUGUÊS - Por LUÍS MANTA

Após o Mundial conquistado com toda a justiça em Kauskas na Lituânia, há que fazer uma pequena reflexão sobre a realidade do futsal no nóvel Páis campeão do mundo.

Não venho falar de quadros competitivos, pois para isso haverá gente com muito mais competência que eu, venho falar do futuro dos jogadores que todos nós aplaudimos nesta jornada gloriosa.

A realidade do futsal em Portugal é algo que passa despercebido da maior parte dos amantes e acompanhantes da modalidade. Desde que o seu clube ganhe, está tudo bem.

Em Portugal na 1ª Divisão (propositadamente não menciono o patrocinador), existem duas equipas altamente profissionais, outras tantas semi-profissionais envergonhadas e as restantes, amadoras puras.

Existe ainda, uma estrutura altamente profissionalizada ligada à Federação Portuguesa de Futebol.

Todos estes profissionais, são uma infíma parte da realidade do futsal português. 

As duas equipas profissionais, Sporting C.P. e S.L.Benfica, fornecem a grande maioria de jogadores à selecção, como é natural.  Bebe foi o único jogador amador presente nos seleccionados.

A minha questão é, qual o futuro profissional destes jogadores quando tiverem que ir para o mercado de trabalho ?

Sabemos que quase na totalidade das pessoas ligadas às estruturas profissionais dos clubes (profissionais) e FPF, têm um futuro profissional assegurado através de licenciaturas em Educação Física e os jogadores ?  

Todos estes jovens que correm atrás de um sonho, que hoje é "doce" e amanhã poderá ser "agri", na sua maioria negligenciou a sua formação académica na procura de um sonho.  Amanhã quando o futsal acabar na casa dos 30 anos, quais são as suas competências para procurarem um 1º emprego ? Terem sido campeões nacionais da Europa e do Mundo de futsal ?  De que vale isso, num mercado de emprego cada vez mais exigente e canibal ?

Quando estes rapazes tiverem 50 anos e viverem uma vida precária,  alguém se  vai  preocupar  com eles ? 

A suposta realidade do FUTSAL nacional é uma mentira, sob todos os aspectos. O futsal está refém de uma minoria de pessoas, que acham que este é o caminho correcto. O caminho é o correcto enquanto houver carne para canhão....  

O Sporting C.P. e o S.L.Benfica na sua ânsia de ganhar, optaram pelo profissionalismo da modalidade, provocando um desfazamento e bipolaridade na competição, que é de todo nefasta para a mesma.

Portugal não tem condições e economia (economia, porque quase na totalidade dos clubes, sobrevivem de patrocínios de empresas) para ter uma Liga Profissional.  O que existe é uma competição amordaçada pelo poder dos "grandes" e da FPF, que não é equilibrada e justa.

À FPF tudo o que interessa, é a conquista de títulos, os "louros", o aparecer nos Telejornais, tudo e todos os problemas que estão a montante, não interessam...

Fiquem bem...


  



quarta-feira, 8 de julho de 2020

A SAÌDA DO CORREIO DA MANHÃ DO FUTEBOL DE SALÃO NA 1ª PESSOA - Por Luís Manta


A SAÍDA DO CORREIO DA MANHÃ DO FUTEBOL DE SALÃO, CONTADA NA 1ª PESSOA - Por Luís Manta

Decorria a época de 1993/4 do Campeonato Nacional de Futebol de Salão, aí por início do mês de Março de 1994, sai a convocatória para a selecção nacional com 10 elementos do Correio da Manhã, se a memória não me falha, a competição destinatária era a Taça Latina a disputar em Itália.  A competição  decorria em 4 dias e tinha o seu período em meados de Abril (fim de semana prolongado,  de 5ª a Domingo).  O selecionador Luís Rodrigues, pretendia fazer um estágio de 15 dias antes da competição. Acontece que o Correio da Manhã, como Campeão Europeu em título, teria de ir defender o título em Cádiz,  competição que decorria na última semana de Abril.   . Neste contexto, em que o Correio da Manhã se via privado de trabalhar com quase a totalidade do seu plantel durante 3 semanas, em pleno mês de Abril em que ia defender o título de Campeão Europeu, tentou sensibilizar a estrutura da FPFS para o assunto. De referir que o plantel do CM era composto por 14 jogadores (nada como agora, com planteis de 18 e 19 jogadores), sendo 3 GR, restando 2 jogadores de campo e, 2 GR ( 1 GR tinha sido convocado), para preparar a Taça Campeões Europeus. Os 10 jogadores, chegavam da selecção na semana em que a equipa partia para Cádiz. Houve muitas reuniões entre os responsáveis  do Correio da Manhã e da Federação Portuguesa de Futebol de Salão e até com os jogadores.  Numa dessas reuniões, um dos Vices Presidentes da FPFS, expulsou o nosso director José Veloso da dita, ao que o José Veloso respondeu " Acaba de expulsar o Correio da Manhã do Futebol de Salão". O diferendo chegou a tal ponto, que certo dia em Vale de Lobos estava a decorrer um treino e entra uma comitiva da FPFS, que integrava o Presidente da FPFS, Castel Branco e o selecionador  Luís Rodrigues, com o objectivo de reunir com todo o plantel. A reunião efectuou-se... mais uma vez, não conduziu a nada e ainda, num momento de exaltação, tive de dar um murro na mesa (literalmente). Face à irredutibilidade da FPFS em rever o plano de estágio e convocados para a Taça Latina, eu e o director José Veloso, decidimos que seria o último ano do Correio da Manhã no Futebol de Salão, verdade...mesmo à revelia dos superiores hierárquicos, Lourenço Peres e Fernando Augusto. Nesta mesma reunião em Vale de Lobos, o director José Veloso, tem a seguinte frase dirigida ao seleccionador Luís Rodrigues, "Luís, levas os jogadores, mas é a última vez que os levas".   Penso que o Luís Rodrigues não se apercebeu bem do alcance do que estava a ser dito.       
Claro que no meio disto tudo, os jogadores querem sempre o melhor de 2 mundos, querem é jogar...e se possível, sempre.
De realçar que o Correio da Manhã, tinha a hegemonia  do Futebol de Salão a nível interno e europeu e, abdicar de uma posição de liderança numa modalidade e partir para o desconhecido....não está ao alcance de todos.
A partir desse momento, começámos a trabalhar para a passagem para o Futebol de Cinco.
O primeiro passo foi trazer o Lourenço Peres e o Fernando Augusto para a nossa causa, o que foi conseguido.
Depois fiz um contacto com o José Eduardo (tinha essa facilidade profissionalmente, a sua empresa era minha cliente), grande impulsionador técnico ou táctico da modalidade com a sua equipa Páteo Alfacinha, já extinta à data,. porque sabia do seu bom relacionamento com o falecido Dr.Alberto Silveira da AFL, propus-lhe ser o intermediário na passagem do CM para o Futebol de Cinco. Aceitou. A única condição que o CM punha, era entrar directamente para a 1ª Divisão.
Na altura, esta situação não foi bem vista por muitos clubes que integravam o Futebol de Cinco, pois a entrada directa para a 1ª Divisão do CM, desportivamente reconheço, era algo nada transparente e prejudicava, quem fazia um percurso paulatino de subidas de escalão....
Mas a equipa do Correio da Manhã, não era uma equipa qualquer, tinha um palmarés invejável e era reconhecida a nível europeu. Para além dessa mais valia, trazia consigo para a modalidade a publicidade de 1 página completa por semana  a falar da modalidade, coisa que no Futebol de 5 até ao momento, se singia a umas pequenas "caixas" que o saudoso António Martins, conseguia meter no Jornal Record.
Passado uns tempos, vem o acordo e na época de 1994/5, o Correio da Manhã  fez a sua estreia no Futebol de 5.  Estreia com as regras vigentes na altura e copiosa derrota de 2-12 com o Santos da Venda Nova na 1ª jornada.  Campeonato perdido perdido para o Sporting Clube de Portugal, por uma derrota de 1-2 em Vale de Lobos, com o CM a ganhar por 1-0 até aos 36' da 2ª parte e o 2º golo do SCP é feito aos 42' pelo júnior Drula e acabou o jogo.  O jogo não era cronometrado, mandava o relógio no pulso do árbitro.
O CM neste e noutros jogos, pagou a factura de ser um intruso no sistema...     
O futsal com as regras que hoje vigoram, começou  na época seguinte e nunca mais foi o mesmo, no sentido positivo da afirmação.

domingo, 19 de janeiro de 2020

O futsal está capturado pelos Prof. Educação Física - Por Luís Manta

Primitivamente, no futsal à semelhança de outras modalidades ainda adolescentes, maioritáriamente os treinadores eram ex. praticantes, que fruto de grande paixão à modalidade, conhecimento do jogo e alguma apetência para a função, assim, prolongavam a sua ligação à modalidade.
No entanto, a forma empírica como era a realidade do treino, condicionava a evolução técnico ou táctica da modalidade. O aparecimento de treinadores licenciados em Educação Física foi e será sempre uma mais valia para o futsal. O treino hoje é mais qualitativo, tem mais planeamento, é mais elaborado, é mais científico...levando a que o futsal praticado tenha evoluido em alguns aspectos, mormente na componente física.

O futsal português atravessa hoje um momento idêntico ao que o futebol nacional atravessou quando o Prof. Carlos Queiroz fez parte dos quadros da Federação Portuguesa de Futebol. Só era competente quem tinha licenciatura em Educação Física....
Hoje, o futsal sofre do mesmo problema...o futsal está capturado pelos Prof. de Educação Física. Não sei se é por "Decreto" ou por convicção, mas para colaborador da Federação Portuguesa de Futebol na àrea do futsal,  só é convidado quem fot licenciado em Educação Física....é um facto, facilente comprovado.  Não existem treinadores não licenciados, competentes ? Existe sempre um amigo.
A classe de Prof. de Educação Física com ou sem intenção, criou um loby na modalidade.

A experiência na modalidade e o conhecimento do jogo, que poderiam ser transmitidos por antigos praticantes internacionais, tem sido negligenciada por quem "comanda" a modalidade, seriam concerteza uma mais valia para os mais jovens.

Existe gente com muitos anos de modalidade, muita experiencia, muita competência, que não é aproveitada....estão esquecidos.

No futuro, penso que o ideal será unir a experiência, o conhecimento do jogo e da  modalidade, com o conhecimento cientídico, só assim a evolução será equilibrada.

Sei que este texto é polémico, vai mexer com muita gente, mas é o que penso e sinto e, só a mim responsabiliza.

Fiquem bem...

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

“Um Título Profissional para treinadores amadores” - Por PAULO GOULART

A nova lei que define o “regime de acesso e exercício da atividade de treinador de desporto” (Lei n.º 106/2019), actualiza a legislação em vigor desde 2012 (Lei n.º 40/2012).
Foi publicada a 6 de setembro de 2019, estando agora a ser construído um novo Plano Nacional de Formação de Treinadores (PNFT), que terá de estar concluído até 6 de março.
As alterações previstas passam por períodos de estágio mais curtos ou mesmo eliminados (de apenas seis meses, nos graus I e II, em vez de um ano, e abolido no grau III), além da facilitação da formação no decorrer da carreira.
Para mim, a grande alteração (retrocesso) centra-se no novo conceito criado pela nova lei: “carreira dual”!
Permite-se a praticantes de alto nível agilizar a formação, sendo, por exemplo, dispensados do estágio a seguir ao curso, permitindo, até, avançar para o grau seguinte!
Assim, quem for considerado “praticante de elevado nível” (artigo 10º - B, da legislação agora em vigor) pode ficar dispensado de frequentar o primeiro grau! Considera-se “praticante de elevado nível” ter jogado em ligas profissionais ou ter sido internacional, entre outros critérios.
Segundo o n.º 1 e 2 do artigo 11º da lei em vigor (Lei n.º 106/2019) “o grau I corresponde à base hierárquica de qualificação profissional de treinador de desporto, conferindo ao seu titular competências para a iniciação de uma modalidade desportiva”, entre as quais, “orientar praticantes nas etapas iniciais de desenvolvimento desportivo”.
Sem levantar outros problemas, questiono, apenas, se um jogador profissional ou internacional tem Formação sobre como “orientar praticantes nas etapas iniciais de desenvolvimento desportivo”, ao nível da Pedagogia, Motricidade, Psicologia ou Metodologia de Treino com crianças e jovens, que lhe permita dispensar a frequência do primeiro grau!?
E os Licenciados em Desporto!? Terão de frequentar o primeiro grau!? Não se lhes reconhecem estas competências!?
Posso então concluir que, um enfermeiro, por exemplo, ao fim de 20 anos de carreira como assistente de um bom cirurgião, poderá também ele (enfermeiro) obter a qualificação de cirurgião, através do conhecimento empírico!?
Por fim, consequência da alteração legislativa, surge a cereja no topo do bolo: na anterior legislação, estava previsto que a fiscalização da validade do Título Profissional de Treinador de Desporto fosse feita pelas Federações de modalidade… agora passa a ser feita pela ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica)! Isso mesmo...
Tudo dito… assim se legisla, em Portugal, sobre Desporto de Formação! Voltámos ao tempo da lógica do empirismo!
Para terminar, e citando Manuel Sérgio: “um treinador que só sabe de futebol, não sabe nada de futebol"!