segunda-feira, 22 de novembro de 2021

ESTÃO A MATAR O FUTSAL

 

ESTÃO A MATAR O FUTSAL

Acabdo de assistir ao derby Sporting C.P. vs S.L.Benfica e no rescaldo do recente Europeu de Hóquei em Patins, ocorreu-me escrever  este texto, pois me parece que existem muitos pontos em comum entre as duas modalidades.

Ambas  as modalidades têm a sua implantação e pontos fortes em países latinos.

Ambas têm uma implantação global reduzida (embora nos queiram fazer crer o contrário), não havendo um verdadeiro interesse das potências mundiais do desporto.

Ambas assentam muito do jogo em aspectos táticos, movimentos e ocupação de espaços similares.  A técnica individual e a magia da criatividade dos jogadores, são ou eram os argumentos para se gostar de ambas as modalidades.

Em ambas as modalidades fomos Campeões da Europa e Campeões do Mundo, com a Comunicação Social a dar uma cobertura invulgar, embora merecida, dos feitos.

Acabaram com o Hóquei em Patins do tempo do Livramento, do Sobrinho, do Chana, do Adrião, do Rendeiro e muitos outros.  Foram alteradas as regras para que o jogo fosse mais rápido, mais fluido e apelativo para os espectadores. Puro engano, o jogo tornou-se mais físico, menos tático e menos técnico...acabaram com os artistas e a modalidade está a definhar.  Já vi isto em qualquer lado...

O futsal vai na mesma direcção, os derbys Sporting  C.P. vs S.L.Benfica só interessam aos adeptos de ambos os clubes, porque a sua paixão clubistica é muitas vezes irracional e não conseguem perceber o óbvio, fraca qualidade e mau espectáculo desportivo.

A realidade do futsal não se restringe aos derbys, mas o futsal praticado hoje por todas as equipas é semelhante. Há uma linha condutora de como se deve jogar futsal, que está implantada na comunidade de treinadores e é aceite tacitamente por todos, raras são as divergências com o "status quo".   Quem vai perder o seu tempo para se deslocar a um Pavilhão e ver um espectáculo, onde não há artistas, onde só há correria e luta ?

Com esta forma de interpretar o futsal nos últimos 10 anos, baseada na componente física e intensidade imposta no jogo, em detrimento da tatica, da técnica e da estratégia, o Ricardinho nunca teria despontado para o futsal. A formação de futsal  de Ricardinho foi outra.

Com esta forma de jogar futsal, onde se valoriza a componente física, a velocidade, a luta e a entrega dos jogadores, dificilmente teriamos Falcão, Manuel Tobias,  Manuel Azevedo, André Lima, João leite, Ivo Cristóvão, Nélito, Séninho e tantos outros.   Ricardinho terá sido o último "artista". 

A modalidade de futsal está envolta e tomada por uma teia de interesses e desinteresses instalados, que quarta qualquer possibilidade de evolução positiva.

Nos anos mais próximos o futsal vai estagnar e no futuro se nada se fizer para alterar, vai definhar  tal como o Hóquei em Patins.

 

Luís Manta

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